É sempre bom lembrar a importância de uma agricultura sustentável para sanar os problemas relacionados à segurança alimentar e bem-estar da população. Ações para melhorar a qualidade de vida das pessoas, respeitando a utilização dos recursos naturais disponíveis é o que buscam as novas práticas e inovações tecnológicas na agricultura.

A sustentabilidade da produção agrícola depende de iniciativas e ações capazes de melhorar a qualidade da produção, reduzir os impactos ambientais e promover o bem-estar social. 

No dia 20 de março é comemorado o Dia Mundial da Agricultura. Assim queremos refletir a importância e a necessidade de olharmos para esse setor com suas principais propostas de desafios. 

As últimas notícias sobre a fome não são nada animadoras

O relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) – O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2022 – lançado em julho do ano passado, aponta que o agravamento da fome mundial foi acelerado pela pandemia de Covid-19 e pela guerra na Ucrânia. E os problemas que agravam a fome e a desnutrição não param de crescer. 

Desastres naturais, como o terremoto na Turquia e na Síria e enchentes em diversas partes do mundo pioram a situação de populações que já se encontravam em condições de vulnerabilidade. 

Segundo os chefes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), do Banco Mundial, do Programa Mundial de Alimentos (WFP), e da Organização Mundial do Comércio (OMC), o abastecimento de alimentos em todo o mundo deverá piorar nos próximos três anos. 

Esses problemas revelam, cada vez mais, a necessidade de medidas urgentes na melhoria de processos de produção e distribuição de alimentos para abastecimento da população.  O poder de mudar está em nossas mãos e devemos refletir muito sobre nossas ações para mudar esse cenário. 

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) no contexto da agricultura 

Dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), o que está mais diretamente direcionado à agricultura é o ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável. Mas vários outros deles são apoiados por meio das iniciativas que promovem um sistema agroalimentar saudável e sustentável. Dentre eles o ODS 10 – Redução das Desigualdades, ODS 12 – Consumo e Produção Sustentáveis e ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima, entre outros.

O ODS 2 pretende acabar com todas as formas de fome e má-nutrição até 2030, de modo a garantir que as pessoas tenham acesso suficiente a alimentos nutritivos. E, de acordo com as projeções da ONU, cerca de 670 milhões de pessoas, 8% da população mundial, ainda enfrentarão fome em 2030, mesmo que uma recuperação econômica global (pós pandemia de Covid-19 e guerra na Ucrânia) seja levada em consideração. Para isso, práticas agrícolas capazes de aumentar a disponibilidade de alimentos e políticas que favoreçam sua distribuição e utilização de forma adequada e saudável podem ser elementos chave para o cumprimento desse objetivo. 

Ainda, um estudo liderado pelo WRI Brasil e pela New Climate Economy revela que o Brasil tem potencial de adoção de um novo modelo econômico de baixo carbono capaz de contribuir com a redução da pobreza e da desigualdade, cumprindo metas econômicas e setoriais, estimulando o crescimento econômico sustentável. Isso abrange também o ODS 13, que envolve ações contra as mudanças climáticas.

Tecnologia e saberes tradicionais devem caminhar juntos 

A agroecologia une saberes tradicionais e científicos, que em seu conceito integra os princípios agronômicos, ecológicos e socioeconômicos à compreensão e avaliação do efeito das tecnologias sobre os sistemas agrícolas e a sociedade como um todo.

Com conhecimentos ancestrais e auxílio da tecnologia, povos indígenas e outras comunidades tradicionais produzem alimentos conhecidos como produtos da sociobiodiversidade para garantir sua qualidade de vida e gerar ainda mais biodiversidade, beneficiando todo o planeta. 

Mas enfrentar os desafios da segurança alimentar e qualidade de vida das pessoas de maneira sustentável exige desenvolvimento de tecnologias inovadoras e melhorias de práticas existentes que possam levar a novos produtos, além de esforços para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa (GEE). E a visão de uma bioeconomia pode ser parte fundamental da solução para esses desafios.  

Assim, quando falamos em uma agricultura mais intensiva, a sustentabilidade também está presente, principalmente quando se utiliza tecnologias capazes de preservar o meio ambiente, economizar recursos e melhorar a produtividade dos cultivos. Assim é possível prevenir o desmatamento devido a maior produção por área. 

Das inovações tecnológicas empregadas na agricultura temos a biotecnologia desenvolvendo plantas mais adaptadas aos desafios do campo, produtos biológicos como alternativas que reduzem a necessidade de fertilizantes sintéticos e sistemas de irrigação capazes de utilizar a água com maior eficiência, evitando seu desperdício. 

A melhoria da qualidade de vida do trabalhador rural também é outro ponto importante quando pensamos na produção de alimentos. O que seria de nós se não fosse a dedicação e esforço oferecidos diariamente por eles no campo? Com a evolução das tecnologias voltadas à agricultura, observou-se um importante avanço na execução de atividades, maior segurança e conforto desses profissionais que se dedicam para alavancar a economia e disponibilizar produtos que nos alimentam e nos proporcionam bem-estar.