Há 200 anos nasceu o naturalista alemão Carl Friedrich Philipp von Martius e em sua homenagem foi instituído o dia 17 de abril, seu aniversário, como Dia nacional da botânica. Martius (1794-1868), considerado um dos naturalistas mais famosos do século XIX, chegou ao Brasil em 1817 na comitiva da Imperatriz Leopoldina, esposa de Dom Pedro I, e depois de três anos de expedições pelo Brasil coletou milhares de espécies da flora brasileira que foram catalogadas e descritas no livro “Flora brasiliensis”, a maior referência para a botânica brasileira, publicada na Alemanha entre 1840 e 1906. A obra contou com a participação de 65 especialistas de vários países.

A botânica (do grego botané, que significa “planta”, que deriva do verbo boskein, “alimentar”) ou biologia vegetal é o estudo científico da vida das plantas e algas. Como um campo da biologia, a botânica abrange uma miríade de disciplinas científicas que estudam crescimento, reprodução, metabolismo, desenvolvimento, doenças e evolução da vida das plantas.

Os primeiros estudos e observações sobre o reino vegetal foram iniciados por comunidades ancestrais da era Paleolítica (a Idade da Pedra Lascada), que na ocasião eram nômades. Eles já conheciam as plantas nutritivas e um grande número de vegetais com propriedades terapêuticas que usavam para curar lesões e desconfortos físicos.

Entre 10.000 e 2.500 anos atrás, com o início da agricultura, comunidades variadas, nas mais variadas regiões do planeta, começaram a observar os ciclos da natureza que eram importantes para cultivar plantas e produzir alimentos.

A primeira vez que se viu alguma imagem, ou registro, da botânica, só veio com os primeiros manuscritos, e também por pinturas rupestres, principalmente sinalizando a sequência da época de plantio e de colheita.

Outro precursor dessa ciência foi Aristóteles, que se dedicou a dividir as plantas entre aquelas que tinham flores e as que não tinham. Hipócrates, chamado de pai da medicina, também apontou o uso de plantas terapêuticas para manter a saúde e o bem-estar das pessoas. Foram diversos relatos, estudos e citações ao longo da história. Outros que merecem destaque são os monges, que cultivavam ervas medicinais no interior dos conventos para serem usadas como medicamentos.

Mesmo com a agricultura sendo a base da vida durante a Idade Média, não houve muitos registros sobre a botânica. dos cidadãos da idade Média europeia fosse a agricultura, Os primeiros livros dessa ciência, chamados de herbários, só surgiram mesmo com as universidades, muito mais como objeto de estudo e catalogação do que como fonte para uso na medicina. Isso começou a se tornar mais comum em torno dos anos 1400, 1500. O alemão Otto Brunfels, que viveu nessa época, revelou 47 espécies novas para a ciência e por isso é considerado “Pai da Botânica”.

Semelhanças com a medicina

A Botânica e a Medicina têm muitos pontos em comum, que por alguém profissionais são utilizados para aliar as duas ciências no tratamento de doenças. Muitos estudiosos ressaltam que os nomes e conceitos das estruturas reprodutivas das plantas são muito parecidos com os órgãos e estruturas reprodutivas do ser humano. Desde o século XVII, os herbários mais voltados para a Medicina foram os precursores das primeiras farmácias, enquanto que os herbários que eram mais dedicados aos aspectos botânicos, evoluíram nas compilações que recebem o nome de floras. Estas obras eram comumente acompanhadas de amostras depositadas em herbário (a coleção de plantas secas), o que comprova a existência e as descrições botânicas contidas nas floras. A transição dos herbários (livros) para as floras marcaram definitivamente a separação da Botânica e da Medicina.  Abrangendo disciplinas científicas que estudam o crescimento, a reprodução, o metabolismo, desenvolvimento, doenças e evolução da vida das plantas, a Botânica pode integrar muitas áreas de atuação, muitas delas que trabalham atualmente pela preservação e conservação das espécies em seus ambientes naturais.

Fontes de alimento

As plantas fazem parte das nossas vidas de várias maneiras, além de serem importantes fontes dos nossos alimentos. Elas nos fornecem fibras para vestuários; madeira para mobiliário, abrigo e combustível; papel para livros e revistas; temperos para culinária; drogas para remédios; e o oxigênio que respiramos. A nossa dependência das plantas é indiscutível.

Os jardins, com suas flores, perfumes, como decoração e também fonte de ar puro, encantam e ajudam as cidades a respirar melhor com praças, parques e áreas verdes disponíveis para o lazer.

A Botânica garante até hoje a melhor compreensão da natureza e da vida no planeta. E a tecnologia, a inovação, o estudo e a pesquisa, trazem a cada dia mais informação para nos ajudar a entender as plantas. Graças a isso, elas já podem ser transformadas, por exemplo, para resistir a doenças, matar pragas, produzir vacinas, fabricar plásticos biodegradáveis, suportar altas temperaturas, resistir ao congelamento e fornecer grandes quantidades de vitaminas e minerais em produtos alimentícios, como milho e arroz.