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23/01/2023

A biodiversidade e o Agro: como vamos atender aos compromissos da COP15?

A preservação da biodiversidade pela agricultura é fundamental para honrarmos os compromissos ambientais

Na Conferência sobre Biodiversidade (COP15) o mundo definiu um acordo histórico de proteção da biodiversidade. A COP 15, que ocorreu em dezembro de 2022 em Montreal, no Canadá, defendeu esforços conjuntos entre países desenvolvidos e em desenvolvimento para o cumprimento de uma meta que é assegurar, pelo menos, 30% das áreas terrestres e marítimas do mundo até 2030. Por esse motivo essa meta ficou conhecida como “meta 30×30” e focaliza áreas de particular importância para a biodiversidade e para as pessoas. 

Mas como fica nossa agricultura diante desse compromisso assumido? Como vamos produzir alimentos e ao mesmo tempo proteger nossa biodiversidade? 

São essas preocupações que nos fazem refletir sobre quais soluções devem ser tomadas para que possamos seguir rumo à preservação da biodiversidade sem comprometer a segurança alimentar global.

Onde estamos e para onde temos que ir?

Atualmente, apenas 17% e 10% das áreas terrestres e marinhas do mundo, respectivamente, estão sob proteção.

De acordo com a Rede WWF, a biodiversidade é a base da saúde do planeta e tem um impacto direto sobre a vida de todos nós, uma vez que a segurança alimentar e hídrica dependem dela. A organização destaca também que a perda de biodiversidade é considerada pelo Fórum Econômico Mundial o terceiro principal risco global, pois mais da metade da produção econômica mundial (US$ 44 trilhões por ano) é altamente dependente dela, o que traz nítidos riscos para a geração de empregos e renda. 

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), além do acordo que prevê a conservação de, pelo menos, 30% das áreas terrestres e marítimas do mundo, nas negociações durante a COP15, foi discutida também a restauração igual ou superior a 30% desses ecossistemas degradados; redução a zero da perda de áreas de alta importância para a biodiversidade; redução pela metade do excesso de fertilizantes, defensivos agrícolas e de produtos químicos potencialmente perigosos; incentivo aos subsídios para a conservação da biodiversidade; corte pela metade do desperdício global de alimentos e exigência para que empresas e instituições de grande porte monitorem, avaliem e deem transparência às operações que impactam a biodiversidade.

Para isso, medidas para a preservação da diversidade biológica, conscientização e uso de tecnologias com bases científicas são necessárias.  

Como o agro tem se organizado para preservar a biodiversidade

A forma como conduzimos a agricultura é essencial para a preservação da biodiversidade. São vários os desafios propostos pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) que podem ser abordados pelo tema da biodiversidade. Entre eles o ODS 15 que visa proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, travar e reverter a degradação dos solos e travar a perda da biodiversidade. E, relacionado à agricultura, está o ODS 2 que objetiva erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável.

Com isso, o caminho para minimizar os impactos negativos da produção de alimentos sobre a biodiversidade é utilizar medidas inovadoras a fim de aumentar a produtividade e ao mesmo tempo em que se preserva os recursos naturais.  Isso inclui o uso de microrganismos para o controle biológico de pragas, doenças e manutenção da biodiversidade do solo, o uso eficiente da água, práticas agrícolas baseadas na agroecologia, assim como o reconhecimento da importância de sistemas agrícolas seculares na manutenção da agrobiodiversidade. 

A importância do agro brasileiro no contexto global da biodiversidade

Considerando que o Brasil detém 20% da biodiversidade mundial e possui mais de 66% de sua vegetação nativa protegida, podemos dizer também que temos uma agricultura muito bem-sucedida na fixação de carbono da atmosfera no solo. Nos últimos dez anos, fomos capazes de evitar a emissão de 170 milhões de toneladas de gás carbônico e beneficiando 52 milhões de hectares com tecnologias sustentáveis de produção, promovidas principalmente pelo plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono).

Uma dessas tecnologias é a fixação biológica de nitrogênio, onde a substituição do uso de um fertilizante fóssil, no caso o nitrogênio, ocorre por meio de um processo natural de interação planta-microrganismo. 

No contexto da preservação da biodiversidade, além do ODS 2 e ODS 15 da ONU, essas práticas e iniciativas também podem ser atribuídas ao ODS 13, ação contra a mudança global do clima, já que se adota medidas de redução de emissão de GEE para combater as alterações climáticas e seus impactos.

ODS envolvidos nessa notícia:

Principais fontes

Principais fontes
Ministério do Meio Ambiente (MMA). Brasil defende Fundo Global de Biodiversidade e pagamento por serviços ambientais na COP15. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/brasil-defende-fundo-global-de-biodiversidade-e-pagamento-por-servicos-ambientais-na-cop15 Acesso em: 05/01/2023.
United Nations. Press Release: Nations Adopt Four Goals, 23 Targets for 2030 In Landmark UN Biodiversity Agreement Disponível em: https://www.un.org/sustainabledevelopment/blog/2022/12/press-release-nations-adopt-four-goals-23-targets-for-2030-in-landmark-un-biodiversity-agreement/ Acesso em: 05/01/2023.
WWF. COP 15: Brazilian Day discute oportunidades para a biodiversidade brasileira. Disponível em: https://www.wwf.org.br/?84361/Brazilian-Day-discute-oportunidades-para-a-biodiversidade-brasileira-na-COP15 Acesso em: 05/01/2023.
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