Não é de se surpreender que muitos de nós priorizamos consumir produtos que não tiveram sua origem atrelada ao desmatamento ou outros prejuízos ambientais. Pois na era digital em que estamos vivendo e, com cada vez mais acesso a informações, é possível ficarmos mais atentos à origem dos alimentos que consumimos e seus impactos provocados no meio ambiente. 

Mas saiba que nos últimos anos a agricultura brasileira tem se empenhado para produzir de maneira mais sustentável, provando que é possível conciliar a produção agrícola com a preservação do meio ambiente.

Neste mês, em que celebramos várias datas dedicadas à preservação ambiental, queremos destacar a importância dos nossos sistemas de produção para a preservação do meio ambiente no Brasil. No dia 3 de junho comemora-se o Dia Nacional da Educação Ambiental, uma data instituída pela Lei 12.633/2012, visando lembrar a necessidade de fortalecer práticas educativas para a conservação socioambiental. No dia 5 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), mais especificamente pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em 1973. Neste mesmo dia também é celebrado o Dia da Ecologia em homenagem à Conferência de Estocolmo, onde foram tratadas questões relacionadas à poluição da atmosfera, da água e do solo, provenientes da industrialização e a pressão do crescimento demográfico sobre os recursos naturais.

Quer saber como nossa agricultura está relacionada a esses temas? Continue conosco e conheça como a forma de produzirmos alimentos, fibras e energia pode ser promissora na preservação do meio ambiente e da biodiversidade brasileira.

A situação é preocupante e devemos estar em alerta

Não é de hoje que somos alertados pelos cientistas sobre o aquecimento global pelo aumento da emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE). Segundo a ONU, a temperatura global deve aumentar em 2,7 °C até o final do século, e isso não podemos negligenciar.

São as atividades humanas, principalmente ligadas à utilização de combustíveis fósseis e agropecuária, que provocam o aumento das emissões globais de GEE. 

De acordo com o WWF, a saúde do planeta depende da biodiversidade, que por sua vez  tem um impacto direto sobre a vida de todos nós, já que a segurança alimentar e hídrica dependem dela. A organização também destaca que a perda de biodiversidade é considerada pelo Fórum Econômico Mundial o terceiro principal risco global, pois mais da metade da produção econômica mundial (US$ 44 trilhões por ano) é moderada ou altamente dependente dela, o que traz nítidos riscos para a geração de empregos e renda. 

Essas questões nos fazem refletir sobre quais soluções devem ser tomadas para que possamos seguir rumo à preservação do meio ambiente sem comprometer a produção de alimentos necessária para a segurança alimentar global.

Incentivo a tecnologias ambientalmente adequadas

De acordo com os Dez Princípios Universais do Pacto Global da ONU e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a ideia é apoiar toda e qualquer iniciativa que previna os impactos ambientais, desenvolvendo maior responsabilidade ambiental, e incentivando tecnologias ambientalmente adequadas.

No Brasil temos vários exemplos de práticas ou de uso de tecnologias que têm demonstrado o quanto nossa agricultura pode ser produtiva sem prejudicar ou até mesmo trazer benefícios ambientais. Temos inclusive um plano para a agropecuária contra as mudanças climáticas, conhecido como Plano ABC. Com esse plano, de 2010 a 2020 o Brasil conseguiu mitigar 170 milhões de toneladas de Mg CO2eq em uma área de 52 milhões de hectares, superando a meta estabelecida inicialmente, o que o conduziu para uma segunda etapa denominada Plano ABC+.

A adoção de produtos biológicos para manter a biodiversidade e reduzir a emissão de GEE também tem sido cada vez mais frequente na nossa agricultura. Esses produtos são tecnologias renováveis, não poluentes e favorecem a regeneração da biodiversidade no meio ambiente, principalmente do solo. Isso acontece porque muitos deles introduzem microrganismos capazes de fornecer nutrientes para as plantas e manter maior equilíbrio entre os seres vivos, sejam eles benéficos ou nocivos (pragas). Ao manter esse equilíbrio, os organismos nocivos são impedidos de se multiplicarem de forma desordenada, evitando assim maiores prejuízos às lavouras.

Outras práticas como o uso eficiente da água, práticas agrícolas baseadas na agroecologia, assim como o reconhecimento da importância de sistemas agrícolas seculares na manutenção da agrobiodiversidade são fundamentais para a preservação do meio ambiente.

Além disso, o Brasil conta com legislações ambientais bastante rigorosas que os produtores devem seguir. Para melhor proteger o meio ambiente e preservar a nossa vegetação nativa foi instituída a Lei 12.651 de 25 de maio de 2012, também conhecida como Código Florestal Brasileiro. Isso significa que, cada vez que uma área coberta por vegetação nativa do Brasil fica exposta a outro tipo de ocupação, ela precisa seguir rigorosamente as normas estabelecidas por essa legislação. 

No Código Florestal Brasileiro estão estabelecidas normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Reserva Legal (RL) e as Áreas de Preservação Permanente (APPs), assim como mecanismos para que essas normas sejam cumpridas para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.