O café é um dos grãos mais importantes da produção agrícola nacional. E é muito presente na vida da maioria dos brasileiros. Para se ter uma ideia, segundo dados do IBGE, em 2021, cada brasileiro consumia 6,06 kg de café cru por ano e 4,84 kg de café torrado no mesmo período. Em 2022, o consumo por aqui cresceu 1,7%, ou seja, cada brasileiro consome, em média, três ou quatro xícaras de café por dia. 

Apesar do café ser uma planta de origem africana, pois surgiu na Etiópia, muitos acham que ele é brasileiro. Não é à toa, pois a história do grão aqui no Brasil começou em 1727, quando um sargento estrangeiro trouxe uma muda clandestinamente. A produção de café começou na região Nordeste, mas com o clima nada propício de lá, o cultivo passou pro Maranhão, depois pro Rio de Janeiro até que, finalmente, chegou a São Paulo e Minas Gerais. Hoje, Minas Gerais é o maior produtor nacional de café, concentrando 50% do total produzido no país, segundo a CONAB. O estado mineiro está em primeiro lugar quando se trata de valor de produção e em segundo lugar no ranking dos estados com maior produtividade.

O Brasil continua sendo o maior produtor de café do mundo. A informação é do Sumário Executivo do Café, de abril de 2022. Segundo o Sumário, a produção cafeeira no Brasil para este ano está estimada em cerca de 55,7 milhões de sacas de 60kg. O grão é cultivado em 3,2% do território nacional, correspondente a 1,82 milhões de hectares, com produtividade em torno de 30,6 sacas por hectare. 

Nosso país também é o maior exportador de café do mundo. De acordo com o Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), só em 2021, o Brasil exportou 40,3 milhões de sacas de 60 quilos de café, com resultado de US$ 6,2 bilhões. Já em março deste ano, a nossa indústria cafeeira exportou 3,1 milhões de sacas de 60 kg, o que representa uma alta de 33% em relação ao mês anterior, mas uma redução de 18,4% na comparação com março do ano passado, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). No acumulado do primeiro trimestre de 2023, exportamos 8,6 milhões de sacas de 60 kg.

Já falamos aqui no Entre Solos sobre a importância da certificação para ajudar o setor a garantir a qualidade da sua produção. Mas é preciso também falar sobre a produtividade do café no Brasil. O cultivo do café não tem o tamanho das grandes culturas como soja e milho, mas a sua relevância no mercado interno e externo supera as comparações de escala. 

De acordo com o levantamento da Conab, a produtividade média nacional de café para este ano está projetada em 27,4 sacas por hectare, 3,7% maior em relação ao ano anterior. Ainda assim, esse aumento é inferior ao esperado para 2022/2023 por ser um ano de bienalidade positiva. O diretor de informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, Sergio de Zen, explica: “O clima adverso influenciou de maneira negativa as produtividades nos dois últimos ciclos. Em 2020 o desenvolvimento da cultura foi influenciado pela falta de chuvas e no ano passado, além da estiagem, foram registradas fortes geadas em importantes regiões produtoras”.

Segundo o Atlas publicado pela Croplife, a projeção até 2031, ano que também será de safra cheia, é de uma diminuição de área de 10,6% com aumento de produção de 40,8%.

O boletim informativo da CONAB para a conjuntura cafeeira aponta ainda que, no mercado internacional, a produção mundial é estimada em 172,8 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2022/23, o que aponta alta de 4% na comparação com o período anterior. Estes dados são do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O principal motivo desta estimativa de alta global é a recuperação da produção no Brasil em 2022, já que o país é o maior produtor mundial de café. O Vietnã vem em segundo lugar e na terceira posição aparece a Colômbia, país que vem apresentando queda nos últimos três anos por causa do clima.

O consumo global hoje é estimado em 167,9 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2022/23, o que demonstra que as pessoas estão bebendo 0,5% a mais de café em relação ao ciclo anterior, segundo o USDA. Isso indica um novo recorde no consumo mundial do grão, mas tudo ainda pode mudar com base nos índices inflacionários voláteis mundo afora.