A ciência está diretamente ligada à vida, ao desenvolvimento, pois é principalmente do trabalho dos pesquisadores científicos que vêm as grandes descobertas nos mais diversos setores, em especial, no agronegócio. Ciência e pesquisa estão também relacionadas ao meio acadêmico. De acordo com a Academia Brasileira de Ciências, mais de 95% da produção científica brasileira é realizada em universidades. De modo que o Brasil ocupa a 14a posição no ranking de produção científica mundial, segundo Hernan Chaimovich – professor emérito do Instituto de Química da USP (Universidade de São Paulo) e ex-presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).  

Devido a tamanha importância do setor para o desenvolvimento do país, foi definida em 2001 a Lei 10.221 instituindo o Dia Nacional da Ciência. E em 2008, por meio da Lei 11.807, o Dia Nacional do Pesquisador. Como o dia 8 de julho foi a data de ambas as determinações, a celebração foi unificada, tornando-se Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico.

A definição de “ciência” se dá pelo conhecimento atento e aprofundado de algo. Já “pesquisa” é o conjunto de atividades que visam a descoberta de novos conhecimentos. A partir da ciência e da pesquisa são desenvolvidas novas técnicas e tecnologias capazes de alavancar o desenvolvimento e a produção agrícola.

De acordo com o cálculo do PIB do Agronegócio brasileiro, desenvolvido pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os sistemas de produção agropecuária representam mais de 20% do PIB nacional. Além disso, mais de 44% das exportações, e 1 em cada 6 empregos do Brasil estão diretamente relacionados à produção agropecuária.

Dado a relevância do agronegócio para o desenvolvimento econômico do país, a criação de novos métodos científicos se mostra ainda mais essencial. Eles podem ser capazes de aumentar a produtividade, contribuindo para a melhora do comércio interno e exterior. Mas também trazem possibilidades que até pouco tempo atrás pareciam impossíveis. 

Um bom exemplo da relevância do trabalho do pesquisador científico é o projeto da pesquisadora Vivian Feddern, da Embrapa Suínos e Aves. Recentemente, em evento sobre produção de alimentos na América Latina, ela apresentou seu projeto, financiado pelo The Good Food Institute (GFI), para a produção de carnes análogas ao frango. O estudo, pioneiro no Brasil, utiliza uma tecnologia que recria tecidos animais em laboratório a partir de células animais do banco genético de aves da Embrapa Suínos e Aves. E assim, desenvolve carne de frango cultivada em condições controladas.

A produção agrícola de baixo carbono é outro bom exemplo da importância da ciência, pois demanda tecnologias desenvolvidas por cientistas. Na última semana, inclusive, o governo anunciou o Plano Safra 2023/24 incentivando o fortalecimento dos sistemas de produção ambientalmente sustentáveis.

Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a área agrícola financiada pelo programa de crédito do Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) superou os 750 mil hectares. Já na área de pesquisa de base biológica, o impacto principal é na produção do semiárido nordestino e na integração da lavoura com a pecuária.

Uma das instituições de maior destaque no ramo no Brasil é a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As diversas pesquisas desenvolvidas pela Embrapa, como a que mostra que é possível produzir mudas de baru por meio de enxertia, são essenciais para que o setor se reinvente e consiga resultados ainda mais promissores através da inovação na produção. 

Para conseguir colocar em prática todos esses estudos, há milhares de cientistas espalhados pelos diversos laboratórios pelo Brasil, como por exemplo, o APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) com mais de 480 pesquisadores nas áreas das ciências agrárias e biológicas. No entanto, é necessário investimentos em pesquisa e inovação para que tenhamos resultados relevantes e de aplicação no mercado. Em 2022, por exemplo, a Embrapa contou com um orçamento de mais de R$ 3 bilhões de verbas federais para projetos relacionados à agropecuária. 

Segundo a UNESCO, nosso país possui cerca de 700 pesquisadores por milhão de habitantes, número baixo se compararmos com China (1.100), Rússia (3.100), União Europeia (3.200), Estados Unidos (3.900), Coréia e Singapura (6.400), e Israel (8.300). Ainda assim, as conquistas e descobertas dos pesquisadores científicos brasileiros ganham relevância interna e externamente. 

Precisamos entender cada dia mais a importância da ciência para o desenvolvimento social e econômico do Brasil. Afinal, soluções existem, porém se faz necessário implementá-las.