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16/11/2021

De olho na fome

O combate à fome no Brasil exige compromisso com a produção e o desenvolvimento econômico sustentáveis

Você já deve ter pensado em como a fome é inaceitável. Como não se indignar diante do fato de que, em 2021, ainda exista gente passando fome? Eliminá-la é uma prioridade da Agenda 2030 pelo desenvolvimento global. Nela, o ODS2 faz referência a acabar com todas as formas de fome e má nutrição até 2030, garantindo que as pessoas tenham acesso suficiente a alimentos nutritivos.

E os números indicam a urgência em tratar do problema: o relatório sobre segurança alimentar divulgado em 2021, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), estimou que um décimo da população mundial – até 811 milhões de pessoas – passou fome em 2020. O texto indica que o mundo não está no caminho para alcançar as metas propostas dentro do ODS2 e, se continuarmos no ritmo atual, ainda teremos, em 2030, 660 milhões de pessoas em situação de fome.

O fato do Brasil já ter tido sucesso com a redução da fome no passado é uma esperança. Mas, desta vez, precisaremos assumir um compromisso coletivo com a produção e o desenvolvimento econômico sustentáveis, numa dimensão sem precedentes.

 

Reversão de cenário

Principalmente no Brasil, a agricultura e a indústria alimentícia resistiram às adversidades da crise derivada da pandemia e prosseguiram entregando alimentos. Porém, o desemprego e a perda de renda das famílias dificultaram o acesso dos brasileiros a uma alimentação saudável em 2020. E é preciso dizer que a escalada da fome durante a pandemia não é de responsabilidade de um vírus, mas de decisões políticas e da ausência de medidas efetivas de impacto social.

Diante desse cenário, viu-se o crescimento nos programas de assistência social e, em paralelo, percebeu-se a necessidade de uma revisão dos modelos de desenvolvimento econômico. As desigualdades socioeconômicas ficaram muito mais evidentes diante da pandemia. Com isso, a busca por sistemas mais inclusivos e resilientes é urgente para a humanidade e tem resultado em diversas iniciativas no Brasil.

O Pacto Global das Nações Unidas e suas redes locais, e o Grupo de Trabalho da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos vêm liderando esforços na América Latina e Caribe para minimizar a crise da Covid-19 e fomentar empresas responsáveis e sustentáveis. Por meio de projetos, os signatários se comprometem a prestar toda a assistência necessária diante das consequências econômicas, financeiras e sociais da crise, promovendo uma conduta empresarial responsável (CER) para limitar os abusos de direitos humanos, trabalhistas e de direitos da infância, prestar maior atenção às questões de gênero, proteger o meio ambiente, além de promover a integridade e a luta contra a corrupção. Em Paraisópolis, em São Paulo (SP), a “Agro Favela ReFazenda” é exemplo de projeto que busca a autonomia via hortas comunitárias. Enquanto, a LUPPA é uma plataforma colaborativa voltada à construção de políticas alimentares municipais integradas e com abordagem sistêmica.

ODS envolvidos nessa notícia:

Principais fontes

FAO, IFAD, UNICEF, WFP and WHO. The State of Food Security and Nutrition in the World 2021. Transforming food systems for food security, improved nutrition and affordable healthy diets for all. Rome, 2021.

Rede PenSSAN. Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. Disponível em: http://olheparaafome.com.br/VIGISAN_Inseguranca_alimentar.pdf. Acesso em 10/11/2021.