FAO alerta sobre o desperdício de alimentos e riscos à segurança alimentar
Segundo dados apresentados pelo representante da FAO no Brasil, Gustavo Chianca, alimentos desperdiçados no varejo poderiam alimentar mais de 30 milhões de latino-americanos
Gustavo Chianca, representante assistente da FAO no Brasil
Dentro das ações da Plataforma pelo Agro Sustentável da Rede Brasil do Pacto Global, Gustavo Kauark Chianca, representante assistente da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) no Brasil, trouxe para a nossa equipe dados alarmantes. Em sua apresentação, Gustavo informou que, por ano, 15% dos alimentos em toda a América Latina são desperdiçados, o equivalente a cerca de 127 milhões de toneladas, o que representa 6% das perdas mundiais.
Os custos da perda e desperdício de alimentos no mundo são estimados em US$ 1 trilhão por ano, com custos ambientais de US$ 700 bilhões e custos sociais de US$ 900 bilhões. As perdas de alimentos na África Subsaariana – onde muitos pequenos agricultores vivem com menos de US$ 2 por dia somam US$ 40 bilhões anualmente.
Depois de tantas dificuldades decorrentes da pandemia que assolou o mundo todo, as pautas relacionadas à redução das perdas e desperdício devem estar obrigatoriamente em destaque na agenda governamental de todos os países do mundo.
A indicação da FAO e da ONU é clara: é preciso focar na tomada de decisões em cima de informações relevantes, e também incentivar e firmar alianças em todo o sistema alimentar. Também são necessários programas público-privados de promoção do consumo local, apoio aos pequenos produtores de alimentos e sensibilizar os dois lados do consumo, agricultores e consumidores, para que adotem práticas mais sustentáveis.
Em busca da segurança alimentar, contra a fome
Você sabe a diferença entre segurança alimentar e fome? Segurança Alimentar é quando as pessoas têm garantido o acesso regular à quantidade suficiente de alimentos nutritivos e seguros, permitindo passar por um crescimento e desenvolvimento normais e levar uma vida ativa e saudável.
Já a fome, é a sensação de desconforto ou dor física resultante do consumo insuficiente de calorias, que pode se tornar crônica quando esse consumo acontece regularmente. É contra essas duas ameaças, insegurança alimentar e fome, que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, uma das agências das Nações Unidas, trabalha. A FAO lidera esforços para a erradicação da fome e combate à pobreza. O seu lema, “fiat panis” significa “haja pão” em latim.
A segurança alimentar acontece quando todas as pessoas têm acesso físico, social e econômico permanente a alimentos seguros, nutritivos e em quantidade suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais e assim poder levar uma vida ativa e saudável. A fome mundial voltou a crescer por consequência dos conflitos armados, das mudanças climáticas e da economia abalada em diversos países. Dos 821 milhões de famintos do planeta, 490 milhões vivem em países afetados por conflitos.
Rumo a 2050
Em 2050 a população será 29% maior que a atual, e esse aumento populacional é previsto principalmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil. E os números gigantescos não param por aqui. 70% da população será urbana. Como faremos para alimentar essa população maior e urbana?
A produção de alimentos deverá aumentar em, pelo menos, 60% para dar conta de tudo isso. A produção de cereais terá que aumentar para 3 bilhões de toneladas/ano em relação aos 2.5 bilhões produzidos atualmente e a produção de carne precisará aumentar em mais de 200 milhões de toneladas.
A fome mundial voltou a crescer por consequência dos conflitos armados, das mudanças climáticas e da economia abalada em diversos países. Dos 821 milhões de famintos do planeta, 490 milhões vivem em países afetados por conflitos.
Prejuízos para o meio ambiente
Quem acha que o desperdício de comida é inofensivo não tem conhecimento das informações globais preciosas e assustadoras da FAO para a preservação do planeta. Estima-se que de 8 a 10% das emissões globais de gases de efeito estufa estão diretamente associadas a alimentos que não foram consumidos. Em 2015, por exemplo, as emissões totais de Gases de Efeito Estufa (GEE) do sistema alimentar contribuíram com 34% do total das emissões. As embalagens contribuem com aproximadamente 5,4% das emissões globais do sistema alimentar, mais do que qualquer outro setor da cadeia de abastecimento, incluindo transporte. E 38% do consumo total de energia no sistema alimentar global é utilizado para produzir alimentos que são perdidos ou desperdiçados.
Principais fontes
Principais fontes: Dados do IPCC e dados da FAO.