Lentamente ameaçada desde 2014, a segurança alimentar foi intensificada com a pandemia da Covid-19. Divulgado em 2021, o relatório da FAO – “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2021” mostra que o número de pessoas que não tinham acesso a uma dieta saudável em 2020 aumentou, em um ano, em 320 milhões e atingiu 2,37 bilhões. Isso significa que quase uma em cada três pessoas no mundo não tinha acesso a uma dieta balanceada. Dessas, 811 milhões de pessoas enfrentaram a fome em 2020, resultado da falta ou diminuição de alimentos. Isso sem falar no índice de desnutrição, que permanecia estável por cinco anos, e cresceu em 1,5% (atingindo um nível de cerca de 9,9%). Os dados do relatório da FAO destacam que vivemos uma recessão que não víamos desde a Segunda Guerra Mundial.
Já no território nacional, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan) realizou, nos últimos meses de 2020, a pesquisa “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil” e identificou que, pelo menos, 116,8 milhões de brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar. E 19,1 milhões passam fome. A segurança alimentar no Brasil, que vinha crescendo, teve um retrocesso que nos levou de volta aos níveis de 2004.