Mulheres do agro seguem na luta por igualdade
A participação feminina no campo enfrenta desafios e busca comprovar seu talento e valor
Marcando mais um dos longos anos de luta por igualdade de gênero, o dia 8 de março de 2023 chegou. No setor do agro, a data tem uma importância especial e se mostra essencial para lembrar da atuação das mulheres no campo.
No Brasil, essa parcela da população ativa no agro conta com ações de incentivo do Governo Federal, como a campanha #Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos.
Como uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), com apoio de países da América Latina e do Caribe, a campanha tem como objetivo “dar visibilidade às mulheres, rurais, indígenas e afrodescendentes que vivem e trabalham em um contexto de desigualdades estruturais e desafios sociais, econômicos e ambientais, agravado pelo impacto da pandemia de covid-19”, como informado no lançamento de sua quinta edição, em 2020.
As ações da campanha envolvem a promoção de experiências e conhecimentos de direitos e políticas públicas. O objetivo é que, através da informação, as mulheres possam tomar decisões para a melhora da sua qualidade de vida e luta por conquistas de equidade.
A campanha de comunicação também divulga reportagens e ações nas redes sociais contando histórias inspiradoras de mulheres que trabalham no campo.
Já como uma de suas ações para o desenvolvimento profissional, a campanha conta com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do Ministério da Agricultura e Pecuária. Através dele, ocorre o financiamento de investimentos em atividades agropecuárias, de turismo rural, de artesanato e de outras atividades no meio rural que envolvem mulheres.
Campanhas como esta existem para diminuir o impacto das dificuldades diárias que vivem as mulheres trabalhadoras do campo. A maior parte desta população tem mais de 50 anos e 45% e tem ensino fundamental incompleto, segundo o relatório técnico “Perfil das Mulheres Rurais do RS”. Ele é uma produção do Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG), em parceria com a Emater/Ascar e a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr).
A plataforma Observatório das Mulheres Rurais, lançada em dezembro de 2022, é também uma nova ferramenta para aumentar a visibilidade e o entendimento do papel da mulher no agronegócio. Em entrevista ao Entre Solos, Cristina Arzabe destaca a relevância do Observatório no sentido de atender aos objetivos da Agenda 2030 de “não deixar ninguém para trás”.
Além do trabalho profissional, há o desgaste com a manutenção do ambiente doméstico, que recai majoritariamente sobre as mulheres. De acordo com o relatório, 90% delas são responsáveis por fazer o almoço e 89% fazem a limpeza. Enquanto isso, apenas 4% dos homens disseram colaborar.
Apesar dos desafios para a conquista de direitos iguais, a presença feminina no setor tem um tom positivo e pode animar as próximas gerações. Cerca de 93% dessas mulheres se sentem orgulhosas pela atividade no agro, e 97% estão felizes com o trabalho, como mostrou um estudo feito pela Agroligadas, com apoio da Corteva Agroscience, Abag e Sicredi.
Ainda assim, vale lembrar que a desigualdade é notória. O estudo mostrou também que 64% das 408 mulheres entrevistadas percebem a desigualdade de gênero ainda muito presente no setor, refletindo como o principal desafio para os próximos anos. Como um dos caminhos em busca de diminuir a disparidade entre homens e mulheres, 79% das entrevistadas entendem que é preciso fornecer o mesmo nível de educação acadêmica entre os gêneros.
Principais fontes
Principais fontes: Gov.br; Agroligadas; Agência Brasil; Governo do RS.
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