Pacto Global da ONU no Brasil na UN Water Conference 2023
A Conferência da Água (NY) na busca por soluções para acelerar metas
A preocupação mundial com relação à gestão do uso da água no mundo é crescente. De acordo com o Pacto Global da ONU Brasil, ainda não estamos no caminho certo para atingir o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 6 (ODS 6) – Água e Saneamento para todos – assim como metas e objetivos relacionados até 2030.
Integrando valores sociais, culturais, econômicos e políticos, a água está intimamente ligada ao alcance de muitos ODS da ONU por meio de vínculos estreitos com clima, energia, cidades, meio ambiente, segurança alimentar, pobreza, igualdade de gênero e saúde, entre outros. E ainda, com a mudança climática afetando profundamente a economia e o meio ambiente, a água torna-se o maior obstáculo para atingir as metas dos acordos internacionais, incluindo aqueles contidos na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Para evidenciar esse assunto, a Conferência da Água das Nações Unidas de 2023 (UN Water Conference 2023 em inglês) ocorreu na sede da ONU em Nova York, de 22 a 24 de março de 2023, com a abertura no dia 22, conhecido como o Dia Mundial da Água. O evento foi coorganizado pelo Tajiquistão e pela Holanda e é formalmente conhecido como Conferência de 2023 para a Revisão Integral de Meio Termo da Implementação da Década das Nações Unidas para Ação sobre Água e Saneamento (2018-2028). Cabe destacar que o evento United Nations Water Conference não aconteceu nos últimos 40 anos.
A conferência também contou com uma série de eventos paralelos organizados pelos Estados Membros, sistema da ONU e outras partes interessadas. Dentre eles, no dia 24 de março de 2023, o Pacto Global da ONU Brasil, em parceria com a Fundação Avina, realizou o evento paralelo com o tema: “Repensando Governança da Água no Brasil: com foco na crise climática e na corporação da água”. Houve também parceria de outras instituições como The Nature Conservancy Brazil (TNC), Water Resilience Coalition (Pacific Institute), Water.org, Ministério Público Federal do Estado de São Paulo e Fundação Agência da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Além de outros participantes como ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), Copasa, Coca-Cola Brasil, Aegea, etc.
Esse evento paralelo teve o objetivo de unir líderes empresariais brasileiros com organizações e o setor público para alavancar projetos de resiliência hídrica, gestão eficiente do uso da água, bem como acesso a infraestrutura de saneamento. A ideia é conduzir os líderes empresariais a acelerar ações de adaptação de inovações aos contextos locais e ações de curto prazo. Além disso, transições de sistemas a longo prazo são necessárias para mitigar e se adaptar às mudanças climáticas.
Temas como projetos relacionados à água para construir resiliência e proteger os biomas brasileiros, prevenção de poluição de corpos d’água e proteção dos oceanos foram destaque entre as discussões. Sobretudo, a busca por oportunidades de cooperação entre os setores para vencer esses desafios e construir infraestruturas resilientes visando a qualidade e quantidade de para o abastecimento de água e saneamento.
Nas últimas décadas, problemas relacionados à água potável, gestão da água e acesso à infraestrutura de saneamento tornaram-se mais frequentes no Brasil. E as perspectivas não são otimistas. Biomas brasileiros estão ameaçados devido às ações antrópicas e resultados irreversíveis para sua manutenção e sustentabilidade. Há riscos de desertificação na Caatinga, seca prolongada na Amazônia e perda de biodiversidade na Mata Atlântica. Já o Cerrado, bioma conhecido como “berço das águas brasileiras”, pode sofrer escassez hídrica até 2050, de acordo com um estudo publicado recentemente na Sustainability. A iniciativa Grito das Águas, gerenciada pela Universidade de Brasília (UnB), se engaja pela preservação ambiental no Cerrado para garantir a sobrevivência dos mananciais do “Berço das Águas”. O Seminário internacional Grito das Águas se realizou em paralelo a Conferência das Águas.
No entanto, a água não nos apresenta apenas desafios, também pode representar uma grande oportunidade. Se valorizarmos a água de forma holística e gerirmos esse recurso de forma inclusiva em todos os níveis e interesses, ela pode ser o ponto de alavanca para uma economia verde, resiliência climática e um mundo mais sustentável e inclusivo. Precisamos encontrar rapidamente um novo equilíbrio para garantir o desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos – água para as pessoas, economia e natureza – e respeitar os limites do planeta enquanto investimos na adaptação para comunidades, economias e ecossistemas resilientes.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a agropecuária é a atividade agropecuária que é a principal responsável pelo uso da água no Brasil, com consumo de 72% dos recursos hídricos do país. Assim, a criação de sistemas inovadores e sustentáveis que ligam o Agro e a Água se faz muito necessário no setor e no país.
Os debates sobre a gestão da água ligada às mudanças climáticas fazem parte da agenda da Plataforma Água e Oceanos do Pacto Global da ONU no Brasil, que colabora para a construção de uma agenda de governança para a água e os oceanos, engajando empresas na economia circular, visando ações para o impacto líquido positivo da água (ODS 6 – Água Potável e Saneamento) e recuperação de recursos, em todos os materiais e produtos (ODS 14 – Vida na Água).
Principais fontes
Principais fontes:
United Nations (UN). UN 2023 Water Conference. Disponível em: https://www.unwater.org/news/un-2023-water-conference Acesso em: 30 mar. de 2023