Protótipo para geração de energia e água pode beneficiar propriedades do campo
Construção de Ilha de Policogeração Sustentável é iniciativa de instituto de pesquisa de universidade carioca que deve ser boa alternativa de economia para produtores rurais
O produtor rural está sempre em busca de sistemas operacionais que possam diminuir os custos da sua produção e otimizar seu trabalho. Diante disso, o uso da energia solar já é uma boa opção, especialmente para aqueles que estão em regiões remotas do país e com clima quente para temperado.
A novidade da Coppe – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, traz mais boas notícias para o agronegócio brasileiro. A partir de agora, e graças à ciência e pesquisa, o Brasil tem sua primeira Ilha de Policogeração Sustentável, protótipo para geração de eletricidade, água destilada, biodiesel e outros insumos, de forma simultânea. O projeto, que contou com a participação de cerca de 15 pesquisadores, utiliza a energia solar, com recuperação de calor, por meio de micro-trocadores de calor e dessalinizador de água realizado com a destilação por membranas.
O sistema pioneiro no Brasil – desenvolvido no Laboratório de Nano e Microfluídica e Microssistemas – visa, além de descentralizar a geração de energia elétrica para atender regiões remotas, cogerar insumos como água, biocombustível, refrigeração e aquecimento. Essa nova tecnologia poderá ser de extremo valor para propriedades rurais que estão distantes dos principais pólos de energia. Inclusive porque, muitas fazendas se encontram em regiões onde as altas temperaturas duram grande parte do ano. Assim, o projeto poderá trazer economia e aumento de produtividade para o agronegócio.
A Ilha de Policogeração Sustentável ocupa área de 200 metros quadrados e reúne painel fotovoltaico de alta concentração (capacidade para gerar cinco quilowatts de energia elétrica e oito de energia térmica recuperáveis) e três conjuntos de coletores solares para aquecimento de água. O protótipo tem 18 módulos com 450 células de silício e uma lente de Fresnel em cada célula, que concentra 820 vezes a energia solar. São três coletores solares que podem trabalhar em série ou em paralelo com o painel.
Alguns exemplos de que o sistema, principalmente usando a energia solar, pode colaborar com os processos de produção do Agro: O bombeamento da água na fazenda pode abastecer a sede, instalação dos animais, projetos de irrigação, entre outros. Seria um grande diferencial ter uma ilha de policogeração de energia que facilitaria o bombeamento da água, por exemplo. Ou mesmo tornaria a irrigação da lavoura mais barata. Por exemplo, na pecuária leiteira, com a energia fotovoltaica, é possível resfriar os tanques que precisam permanecer ligados à energia para que o leite não azede. Já na piscicultura, a água pode ser mantida aquecida nos tanques de peixe.
A ilha pode ser utilizada em plataformas de óleo e gás, permitindo aproveitamento de calor, já que o projeto pode usá-lo de qualquer fonte térmica. E é alternativa possível para abastecimento de água no semiárido brasileiro, por exemplo. Afinal, uma das principais frentes de combate à seca naquela região tem sido a agricultura irrigada. Atualmente, segundo a Embrapa, o semiárido nordestino já possui mais de 600 mil hectares de lavouras com irrigação. Uma tecnologia nova como essa, da policogeração de energia, poderá levar ainda mais benefícios e diminuição de custos para as propriedades rurais.
Financiado pela Petrogal Brasil via Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Embrapii-Coppe, o projeto tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Marinha do Brasil.
Principais fontes
Fonte: Coppe